Tema: Descobrindo o Brasil através do Folclore
O presente projeto, foi desenvolvido na Escola Municipal de Educação Básica Maria Aparecida Amaro de Souza, na cidade de Sinop-MT, atualmente a mesma conta 330 alunos aproximadamente de 1º até 6º anos do Ensino Fundamental, atendendo nos períodos matutino e vespertino, sendo o projeto desenvolvido diretamente com as turmas de 1º, 4º e 6º anos, coordenadas pelas professoras Valdiva de Matos Tavares, Luana Grazielle de Souza e Leticia C. Souza Wilhelm, estendendo-se as demais turmas com a participação da socialização dos trabalhos.
Devido ao grande número de alunos vindos de outros estados do país, com culturas diversificadas, percebeu-se a necessidades de interagir com os demais alunos, e vimos dentro do Folclore um instrumento de identidade nacional, reunindo diversos saberes e vivências, para favorecer a aprendizagem.
Por meio de atividades lúdicas e divertidas, os alunos conheceram elementos da cultura popular de todo o país – a assim começaram a perceber-se como membro de uma comunidade na qual os elementos folclóricos funcionam como práticas concretas de integração social.
O objetivo do projeto foi efetuar pesquisas e resgatar conhecimentos prévios que as crianças têm sobre o Folclore Brasileiro dividido pelas regiões brasileiras, promovendo a interdisciplinaridade, participação efetiva da família, atividades de experimentação de conteúdos, favorecendo o reconhecimento da socialização, individualidade e do respeito ao coletivo, aprofundando o significado da palavra cultura como forma de condição essencialmente humana, manifestada em atos, comportamentos, valores, costumes e criações artísticas.
As certezas provisórias dos alunos sobre o tema proposto verificou-se uma generalização de senso comum onde as lendas e mitos eram os principais focos relacionados ao conceito de folclore.
A primeira problemática, no entanto, era tornar a proposta do projeto atrativa aos alunos, sabíamos que com essa consciência construiríamos a percepção da diversidade sociocultural, em espaços e tempos diferentes percebendo como cada um pode contribuir para a construção da sociedade, pois todos fazemos a história e somos parte integrante dela.
A segunda, foi a adequação de conteúdos e atividades para poder atender todas as turmas em que o projeto estava sendo desenvolvido, 1º, 4º e 6º anos.
Na turma de 1º ano A, o foco principal das atividades era a percepção da construção da identidade da família, como: onde e quando nasceram, de onde vieram e por que mudaram do lugar onde nasceram, entre outras questões, trabalhando essas informações através de desenhos, narrativas, fotografias, filmes infantis, entre outros.
Nos 4º anos A e B, conseguimos um melhor aprofundamento de conhecimentos, privilegiando o estudo das lendas e mitos, com pesquisas regionais no laboratório de informática, com contação de lendas, atividades interpretativas, entre outros.
Nos 6º ano A, as atividades voltaram-se para a geografia e história das cinco grandes regiões destacando os aspectos econômicos, sociais, históricos, viajando pela culinária regional.
Pensamos em uma proposta de conteúdos interdisciplinar, buscando sobre tudo um ensino que concilie diferentes conceitos, de diferentes áreas, podendo-se assim substituir a fragmentação pela interação, permitindo que o aluno aprenda a relacionar conceitos e consequentemente, construa novos conhecimentos com mais autonomia e criatividade, relacionando o conteúdo programático da grade curricular condizente a série de acordo com as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Língua Portuguesa: Texto Literário em prosa e verso: piada, história em quadrinhos, lendas, parlendas, mitos, letra de música, quadrinha, cantigas de roda, trava-línguas; Texto Instrucional: receitas; Texto Publicitário: cartazes; Leitura e interpretação;
Matemática: Gráficos, tabelas, interpretação de situações problemas;
Geografia/História: Formação do território brasileiro e as cinco regiões;
O trabalho foi desenvolvido no período de 5 meses sendo: julho, agosto, setembro, outubro, novembro de 2010.
A participação direta dos alunos proporcionou motivação para o trabalho e para aprendizagem, visto que no inicio demonstraram pouco interesse, porém, quando dividimos o projeto em etapas a reação foi inversa.
No primeiro momento, pesquisa sobre a própria historia de vida, trazendo para ser socializada aos demais na sala, a partir deste, despertaram-se algumas curiosidades, aproveitando a ênfase, os alunos foram instigados a serem protagonistas no processo ensino aprendizagem.
Com a turma de 1° ano A, do período matutino, envolvendo vinte e três alunos entre seis e sete anos de idade, sendo que uma aluna é portadora de deficiência auditiva (DA).
O projeto do folclore foi desenvolvido de forma interdisciplinar. Foram desenvolvidas diversas atividades: xerocadas, mimeografadas, brincadeiras, jogos, leituras, cartazes, brinquedos de sucatas, atividades no laboratório de informática, produção de livros, trabalhos em grupos, apresentações e outros.
No inicio do processo da alfabetização, percebemos que a maioria dos alunos apresentava dificuldades de aprendizagem provavelmente porque alguns não tinham noção de estudo enquanto outros já haviam estudado em turmas pré-escolar, o que proporciona uma facilidade de compreensão a esses alunos. Alguns alunos que apresentavam dificuldades de aprendizagem tiveram aulas de reforço durante o ano letivo.
Dessa forma, a idéia do projeto surgiu no intuito de proporcionar aos educandos melhores condições para o desenvolvimento da aprendizagem, por meio de atividades diversas e principalmente atividades lúdicas, para assim prendermos a atenção do aluno e mantermos eles ocupados com atividades que lhes dariam prazer.
Primeiramente, apresentamos o projeto e como ele seria desenvolvido. Destacamos que seriam realizados alguns estudos e pesquisas sobre diversas informações (danças, brincadeiras, plantas medicinais, lendas, parlendas, adivinhas e outros) que envolveriam o folclore brasileiro, foram desenvolvidas atividades em grupos e individuais, leitura, cartazes, produção de livros, apresentações, jogos e brincadeiras, jogos no laboratório de informática e outros.
Como os níveis de aprendizagem eram vários, foi necessário que a atenção fosse dirigida para alunos que apresentavam mais dificuldades, claro que não deixando de dar atenção aos outros sempre que necessário e viável, também foi proporcionado aos alunos com mais informações e mais acesso a aprendizagem atividades diferenciadas para suprir as necessidades desses alunos.
Os trabalhos em grupos e dinâmicas foram fundamentais para que os alunos interagissem, e colaborassem um com o outro.
Com os alunos de 4º anos A e B, recorremos aos estudos dos gêneros textuais como: literário em prosa e verso, instrumental, epistolar, publicitário, jornalístico com áudio-visual; Sobre cada gênero apresentamos em sala as conclusões das atividades, quanto aos conteúdos programáticos foram contemplados: pronomes, tempo verbal, adjetivo, dígrafos, pontuações, sinônimos e antônimos, correções ortográficas, com essas tínhamos grande preocupações em respeitar a regionalização dos alunos, mas não deixar de fazer a intervenção na grafia. Conseguimos também trabalhar situações problemas, gráficos e tabelas, medidas de tempo, músicas, caracterização de personagens e contagem de lendas para as turmas menores.
Efetuamos pesquisas no laboratório de informática, onde dividiu-se em grupos. Cada grupo representava uma região do país, o objetivo era montar um livro que constasse de cada região: lendas, superstições, receitas, brincadeiras, dança, artesanato, frases de pára-choques de caminhão, provérbios, trava-línguas, adivinhas e remédios caseiros.
Muitas das atividades acima relacionadas foram desenvolvidas individualmente, com revisões em dupla e no coletivo; assim um aluno ajudava o outro nas correções, provocando socialização entre os colegas de sala. As apresentações não ficaram restritas em sala, pois aconteceram nos momentos de hora cívica (no pátio da escola) e em outras salas.
A aprendizagem quanto às atividades desenvolvidas, foram de forma grupal e individual, onde observamos no decorrer das participações que houve mudança na formação de opiniões e comportamentos, de argumentação, do respeito pelos colegas.
Com a ajuda de demais professores que se agregaram ao projeto, houve troca de idéias e incentivo uma à outra para dar continuidade, pois muitas coisas que almejávamos em desenvolver no projeto não obtivemos sucesso, por falta de alguns recursos didáticos e materiais, contudo, não impediu que tivéssemos êxito, pois conseguimos envolver a comunidade escolar para a Feira do Conhecimento, trazendo utensílios, objetos decorativos, vestimentas, pratos típicos, apresentação do livro confeccionados no laboratório, maquetes, entre outras outros para serem expostos.
As atividades realizadas com os alunos do 6º ano, foram desenvolvidas de acordo com as sugestões dos alunos, e à medida que os trabalhos eram feitos sempre se buscava algo mais. Partimos em História da discussão sobre a formação do território brasileiro e o período colonial, analisamos as contribuições de portugueses, africanos e europeus que juntamente com os povos indígenas, formaram a sociedade brasileira. A partir daí, os trabalhos de pesquisa iniciaram-se: agrupados os alunos estudaram os primeiros núcleos de povoamento do Brasil, como viviam, o que faziam para se defender, quais eram as principais dificuldades enfrentadas, a questão da terra, disputas por territórios, o trabalho escravo, a sociedade açucareira, entre outras.
Todo trabalho de pesquisa teve seu momento de apresentação aos colegas, visto que, a necessidade e o anseio de mostrar o que estava sendo feito por eles, era grande. Os alunos montaram teatralizações, histórias em quadrinhos no laboratório de informática, que posteriormente foram impressas, apresentações na hora cívica de suas produções de textos, paródias, cartazes, enfim, sempre que o assunto permitia, tinha um grupo responsável pela socialização. Este momento servia de preparação para a apresentação geral dos trabalhos, já que muitos alunos são tímidos para falar em público e aos poucos então, foram se soltando e adquirindo segurança no falar.
Na disciplina de geografia, privilegiou-se o estudo das cinco grandes regiões geográficas do Brasil. Os agrupamentos nesse caso foram feitos considerando as regiões Norte, Sul, Sudeste, Nordeste e Centro Oeste. As equipes passaram então, a pesquisar os aspectos físicos geográficos dessas regiões, explorou-se o estudo do relevo, hidrografia, vegetação, população, clima, solo, economia, sociedade. Através de atlas, com o apoio do livro didático, relatos orais da família, pois a grande maioria veio da região Sul para o Centro Oeste, pesquisa no laboratório de informática, desenho do mapa do Brasil, dividido pelas regiões em escala maior, utilizado com fonte de estudo e como instrumento de localização e orientação dos alunos e dos demais que participaram da apresentação final.
A primeira exposição dos trabalhos foi realizada com uma viagem na gastronomia regional, após pesquisas e debates em sala, os grupos definiram quais pratos da culinária das regiões estudadas tinham maior expressão, e com o auxilio das famílias e professoras, vários pratos típicos foram feitos e servidos para degustação dos visitantes, como: arroz com pequi, arroz de carreteiro, pinhão cozido, chimarrão, doce de leite, biju, peixe pirarucu (bacalhau brasileiro), tereré, mousse, farofa de carne seca, licor de fruta, entre outros, vale ressaltar que todos os pratos servidos tiveram sua devida contextualização feita pelos alunos aos visitantes que chegavam.
A segunda exposição se deu na feira do conhecimento que consta no calendário escolar, os alunos fizeram dentro dos respectivos grupos uma nova roupagem para apresentar as regiões brasileiras, dessa vez, enfatizaram a hidrografia e o relevo em seus trabalhos, fazendo colagens de imagens no mesmo mapa outrora produzido, e explicaram sobre esse aspecto durante a feira do conhecimento que é aberta para a comunidade escolar.
A avaliação dos alunos, aconteceu simultâneamente, conforme as atividades foram sendo desenvolvidas. Em cada leitura, em cada produção, na resolução dos jogos no laboratório de informática, enfim em todas as atividades desenvolvidas foram realizadas análises sobre o desenvolvimento dos alunos no intuito de perceber a melhora na aprendizagem dos mesmos. Na feira do conhecimento, atividade promovida todos os anos na escola, como atividade de culminância ainda foi desenvolvida a apresentação de trabalhos produzidos durante o projeto do folclore, onde alunos puderam mostrar e explicar aos visitantes tudo que aprenderam sobre o folclore, essa atividade foi que fez com que o conhecimento que os alunos adquiriram durante o processo pudesse ser transmitidos e analisados com mais rigor.
É com grande alegria que constatamos que o projeto do folclore desenvolvido foi de grande valia aos educandos participantes deste projeto, podemos afirmar com certeza que este projeto contribuiu em muito para o processo de ensino-aprendizagem dessas crianças, inclusive as que ainda não estavam alfabetizadas e iniciaram esse processo com mais interesse em aprender.
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